terça-feira, 25 de março de 2008

Ternura





São tecidos de sonhos
os dias que enfeito
para ti
sem nuvens
nem ausências
voo leve de gaivotas
no azul-mar da ternura


*Dez.2003
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domingo, 16 de março de 2008

Anoitecer



Anoitece no mar, as sombras descem lentamente. Avisto o piscar de um farol distante, último baluarte antes da imensidão que se estende a meus pés. Mais perto, as luzes de algumas poucas casas e as ondas sozinhas que se desfazem na areia. No ar paira uma nostalgia que me leva até ti.
Pela rádio, ligada, ouço os ecos de engarrafamentos citadinos, de estradas congestionadas de trânsito, o final de um dia de trabalho, a pressa de chegar a casa, o jantar para fazer, as crianças para deitar.
Daqui, tudo isso me parece fazer parte de um planeta distante. Este local está, para mim, impregnado de uma tal paz que me parece longínquo o tempo em que eu própria me perdia nesses engarrafamentos.
A noite caiu, já, manto escuro sobre uma terra que adormece.
Deixo-me envolver pela serenidade desta hora e agradeço o momento que vivo.


*Out.2003

segunda-feira, 10 de março de 2008

Poema triste


De súbito, apagaram-se as estrelas,
uma nuvem escondeu a lua
e caiu a escuridão.
O mar tornou-se cinzento,
nem barcos nem velas...
Caíram flores pelo chão,
calaram-se os violinos,
esfumaram-se os sonhos,
perdeu-se mais uma ilusão.
Não há presente, nem futuro.
Terminou este Verão.
Quero abrir os olhos, não consigo.
Quero falar, não tenho voz.
Estendo os braços, é em vão.
À minha volta não há ninguém.
Não te encontro, não te vejo.
Não ouço a nossa canção.


*Julho2003

domingo, 2 de março de 2008

Espera


Espero ansiosamente por nada,
seguro nas mãos o vazio,
ouço acordes de silêncio,
dentro da alma o frio.

Já esqueci se houve Verão,
se as andorinhas voaram,
o canto dos rouxinóis,
se as estrelas brilharam.

Espero o azul na escuridão,
um regato no deserto.
De olhos fechados , pressinto
que o horizonte está perto.


*Dez.2002
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