
Anoitece no mar, as sombras descem lentamente. Avisto o piscar de um farol distante, último baluarte antes da imensidão que se estende a meus pés. Mais perto, as luzes de algumas poucas casas e as ondas sozinhas que se desfazem na areia. No ar paira uma nostalgia que me leva até ti.
Pela rádio, ligada, ouço os ecos de engarrafamentos citadinos, de estradas congestionadas de trânsito, o final de um dia de trabalho, a pressa de chegar a casa, o jantar para fazer, as crianças para deitar.
Daqui, tudo isso me parece fazer parte de um planeta distante. Este local está, para mim, impregnado de uma tal paz que me parece longínquo o tempo em que eu própria me perdia nesses engarrafamentos.
A noite caiu, já, manto escuro sobre uma terra que adormece.
Deixo-me envolver pela serenidade desta hora e agradeço o momento que vivo.
*Out.2003
8 comentários:
As duas últimas frases são belíssimas, e intensas.....
Beijos
A noite caíu, mas nós continuamos a alumiar as suas sombras.
Muito bonito o texto. Traz um sentimento bom para quem lê.
Um abraço.
*
pôr do sol
advento da noite,
a luz do farol
substitui-se ao dia,
a noite cai
no nosso amanhecer,
,
conchinhas
,
*
Que bela descrição - sossego e paz é o que transmite.
Que a noite adormeça a terra e o sol renasça com o dom que tens,brilhando em cada coisas que escreves.Feliz pascoa!
Mulher da ilha é solidão
É espera do vapor da madrugada
É aroma de milho em mesa de pão
É pio de milhafre, alma assombrada
Mãe em ninho feito de frias pedras
Por duras mãos cheias de jeito
Não sei se de ti brota um morno leite
Ou escorre rubra lava do teu peito
Uma Santa Páscoa
Terno beijo
sombras perfis
nocturnamente
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