terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fechado




Porque, por vezes, as palavras se fecham
em inexplicáveis silêncios,
amordaçando as memórias.



Obrigada a todos os que acompanharam o voo desta andorinha, agora de asas fechadas.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Asas




As minhas asas são as palavras.
Espelho de mim
mostram
o que ninguém vê.

Entrelaçadas nos dias
levam-me
por sobre áridos desertos
ao encontro da luz.

Até ti.


*

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

De olhos fechados




Falo contigo no silêncio da casa
de olhos fechados te vejo
presença intocável e doce
a quem pertencem os momentos do dia



*

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Mar




O bramido do mar, hoje,
chega até aqui
mesmo através da janela fechada.

As ondas desfazem-se
em espuma.

Há um forte cheiro
a maresia.

Em mim permanece
a nostalgia de outro mar
... tu.


*

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Gotas




Deslizo as mãos pelo tempo
Recolho gotas
pequenas gotas
que guardo em mim

Momentos felizes
raios de sol
dias sem nuvens
presos na memória

Transformo passado
em presente
e vivo

liberta do meu destino


*

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Fogo




No peito
a chama de um fogo antigo

Nos olhos
a brasa de mil promessas

Nas mãos
o calor da tua loucura acesa



*

sábado, 4 de julho de 2009

Ar




Ser o ar que tu respiras
penetrar em ti e ficar
dissolvido em cada célula

força e calor
centelha de vida
amor


.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Sagres




Fim da terra
onde o céu abraça o mar

Nuvem
espuma
gaivota

De tudo foi feito o dia
na secreta nostalgia
de uma saudade que volta


*

sábado, 6 de junho de 2009

Flor





Prometi a mim mesma
esquecer-te.
Rasguei os versos,
queimei as cartas,
reduzi tudo a silêncio.

Foi inútil.
Da pequena semente que restou,
lentamente,
pouco a pouco,
uma nova flor desabrochou.


.

domingo, 24 de maio de 2009

Respirar a memória





Abri a janela
e o mar entrou.

Com ele veio
a manhã de outro Janeiro
o fogo da boca
a sede dos dedos.

O corpo adormecido
respirou a memória
mas não acordou.


*

terça-feira, 19 de maio de 2009

Para uma princesa




Que haja estrelas no teu caminho
e o brilho dos cristais

Que sejas livre como o vento
senhora do teu destino
princesa de sonhos reais

Que a vida te conduza
ao encontro de um futuro
__ de beleza
__ esperança
__ e paz



*

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Reflexos




A vida é máquina cinzenta
que nada trava ou detém,
prosseguindo implacável
com seu cortejo de dor.

Entre as sombras que semeia,
sem olhar onde ou a quem,
brilham como leves reflexos
a Esperança e o Amor.


*

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Arco-íris




A poesia serve para colorir a vida.

Hei-de escrever-te um poema com todas as cores do arco-íris.


*

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Elos




Sou apenas uma pequena pedra da muralha
mais um elo da imensa corrente

mas contigo,
contigo,
e contigo,

temos a força da esperança
contra o vazio do mundo


*

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Imaginar




Deito-me a ouvir a chuva
e o mar.
Deito-me a imaginar
a tua voz.
Enches a casa vazia
e no meu peito nascem estrelas.


*

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Espera





Cada beijo que te não dou
fica guardado na minha boca
à espera do futuro.


*

terça-feira, 7 de abril de 2009

Desejos




Queria levar-te a lua
tão cheia de promessas,
o reflexo do mar,
o silêncio,
a beleza desta noite.

Queria trazer-te
e não mais te deixar partir.


*

segunda-feira, 30 de março de 2009

Memória




Passaste como uma rajada,
intenso, tão forte e fugaz.
Para onde te levou o vento?

De ti persiste a memória,
imagem que não se desfaz.
Livre como o pensamento.


*

quinta-feira, 19 de março de 2009

Neblina





Quando em neblina
se escondem os dias
e do mar
se perde o rumor
fecho os olhos
enrolo-me em mim
e espero.



*

quarta-feira, 11 de março de 2009

Fica!




Porque o sol brilha
e a manhã se espreguiça
devagar
em prenúncio de primavera

porque o mar continua azul
e há velas no horizonte
leves como voo de gaivotas

abro os olhos
estendo as mãos
e peço

Fica!

*

domingo, 1 de março de 2009

Noite




Devagar vou voltando a ser eu
como só aqui o sei ser,
ouvindo a música das ondas,
deixando escorregar a noite.

Só aqui te sinto assim,
minha única companhia,
única estrela do meu céu.


*

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Vida



Tenho em mim a memória do teu corpo,
o calor da tua boca,
a doçura das mãos.
São marcas indeléveis.
Ninguém as pode apagar,
nem tu, nem mesmo eu.

Foi amor o que me deste?
Que importa o nome,
se foi vida e ainda subsiste?


*

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Brilhos





Através das sombras
há brilhos que teimam em sobreviver,
pequenos reflexos de esperança.

Sinto-os quando te sei comigo, apesar de todas as distâncias.

*

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Nascente



É nos teus olhos
que a ternura se espraia
e nos teus dedos
que o afago se constrói.

É junto a ti
a nascente de um rio
onde a vida se torna força
e alegria.

É em ti que existo
e só por ti.



*

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Nos teus olhos



Há nos teus olhos
um recomeço do mundo,
no teu sorriso
uma promessa de madrugada.
Só em ti o dia se ilumina,
azul, límpido, brilhante,
e o mar renasce em cada onda


*

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Incondicional




Imagino o carro a devorar quilómetros a caminho do sul, os teus olhos com fome de mar, algum cansaço e a necessidade de uma pausa.
Sinto que as palavras que envio podem não fazer sentido, agora que as rotinas foram quebradas.
Escrevo sem saber da aceitação, nem esperar resposta.
Escrevo porque te quero bem , e tal como te amo.


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domingo, 18 de janeiro de 2009

Fronteira

Hopper



Abro a janela, e por ela entra a manhã, o ar leve e o canto do melro que habita os canaviais.
Do mar sobe uma bruma suave que fica a pairar.
Atravesso a fronteira entre o sono e o sonho e desenho-te a meu lado.
Nada há mais triste que a tua ausência.


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domingo, 11 de janeiro de 2009

Juntos




O azul do mar é o mesmo
tanto aí como aqui.
E a leveza da espuma,
e o apelo de grandeza,
e a vertigem de infinito,
são os mesmos.

Estamos juntos,
tu e eu,
quando, apesar da distância,
as nossas palavras se abraçam.



*