quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Percurso


" Talvez esperar faça parte do percurso mais rápido"
Diego Martínez Lora


Esperei por ti toda a minha vida.
Quando chegaste, soube que és tu o sentido para a minha existência.
Agora que partiste, que fazer dos dias que restam?


*

sábado, 25 de outubro de 2008

Fui ver o mar



Depois de ter estado contigo, fui ver o mar, essa imensidão só comparável aquilo que sinto quando estamos juntos.
Falei-lhe de ti. Disse-lhe que, de cada vez que chego, é sempre como se fosse a primeira. A mesma surpresa, o mesmo encantamento, a mesma dificuldade em voltar a afastar-me de ti. Sempre a mesma sensação de me encontrar fora do mundo. Mesmo sem te tocar, te sinto em todas as células do corpo.
Sei que o mar me entendeu. Agora, já posso ir para casa e entrar nas coisas comuns.



.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O nosso tempo


O relógio, que me deste no dia do nosso primeiro beijo, parou.
Quando mo puzeste no pulso, olhei-te e disse... " Todo o meu tempo será teu".
O relógio passou a bater ao ritmo do meu coração. Acelerado quando voava ao teu encontro, sereno quando, abraçados, víamos o pôr-do-sol, lento e triste quando nos afastávamos um do outro.
Marcou todos os nossos momentos de felicidade e até as ausências em que estavas sempre presente.
Há dias, quando te disse sentir a falta do teu carinho e recebi em troca um longo silêncio culpado, algo se partiu dentro de mim e o meu coração parou. Nesse dia o relógio parou tambem.

Dizem que as pilhas se gastaram. Não acredito. Receio que tenha sido o nosso tempo que terminou.



.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Fumo


Ser o fumo do teu cigarro
penetrar na tua boca
permanecer em ti como um travo


*

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Quando se sonha



Quando se sonha
e no sonho se voa,
quando as asas das gaivotas
são navios que cruzam oceanos,
quando no azul do mar
se esconde o sol e a luz da lua,
nada mais importa.

Só o sonho transforma tudo,
até o silêncio e a dor
do cerrar de uma porta.


*

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Incerteza



Dos dias felizes de outrora
teci uma manta azul de memórias,
viagens imaginadas que nunca fizémos,
tardes serenas junto ao mar,
o brilho nos olhos.

Guardei-a, dobrada, em gavetas de cristal,
como tesouro intocável.

Depois, abri a janela ao luar,
às límpidas manhãs,
aos poentes dourados.
O melro voltou a cantar
nos arbustos do jardim.
Da encosta avisto novos horizontes
de contornos ainda indefinidos.

E julgo que sobrevivi.


*