sábado, 15 de dezembro de 2007

Encontros



Encontros, sem ser marcados,
palavras soltas ao vento,
sentimentos, emoções,
e, num fio de fantasia,
a luz que teima em brilhar.

Encontros, sem ser esperados,
alguns poemas, canções,
viagens feitas no mar
revolto, cheio de brumas,
com ondas de ilusões.

Encontros, desesperados,
sombras de nuvens escuras
em noites de temporal,
mas as palavras escritas,
os encontros, a ternura,
trazem um dia de sol.

Encontros, alguns desejados,
fiapos de tantas vidas,
alguma tristeza, despedidas.
E as palavras que fogem
transportando solidões.

Encontros! De almas gémeas?
Apelos inconscientes,
busca de países diferentes
onde o sol nunca se acaba.
E, nas palavras escolhidas,
um tactear de feridas.

Encontros, novos amigos,
tão diversos, mas iguais,
trazem a procura, escondida,
de filhos dos mesmos pais,
de ligações impossíveis, virtuais.

E, de todos estes encontros,
com alguém que nunca vemos,
fica um travo de amargura,
fica a certeza segura,
de, às vezes, encontrarmos
outros tão sós...como nós.


*Julho 2001

7 comentários:

Maria disse...

... e quem te disse que estás só, andorinha?
... somos tantos por aqui...

Beijo

Rui Caetano disse...

Encontros diversos, saltos no ar sem aviso prévio, mergulhos no mar sem medo do frio nem do desconhecido, caminhos sem sol, repletos de núvens, ora, todos estes mistérios somos nós que os vamos desvendando aos poucos, passo a passo, olhar a olhar. Um bom Domingo.

Isamar disse...

" E, de todos estes encontros,
com alguém que nunca vemos,
fica um travo de amargura,
fica a certeza segura,
de, às vezes, encontrarmos
outros tão sós...como nós."

Do teu poema, mais uma vez muito bonito, destaquei esta sextilha por vir muito ao encontro daquilo que penso e sinto desde que por aqui ando. Embora digamos que temos muitas pessoas à nossa beira, e temo-los quase todos,. sentimos esta necessidade de aqui encontrarmos alguém nestes momentos que mais não são do que momentos solitários.
Deixo-te beijinhos e desejo-te um bom domingo.

Flor de Tília disse...

Voar sozinha não é bom. Vim ao teu encontro.
Vamos ambas.
Abraço

Luna disse...

Uma andorinha, jamais pode estar sozinha
Voa pelo mar que adoras, vem ao encontro
Através dos teus poemas dos outros seres
Que partilham momentos, instantes contigo

Beijinhos
luna

poetaeusou . . . disse...

*
encontros esperados,
marcados no vento,
ternuras escritas,
em travos escondidos,
,
xi
*

Anónimo disse...

texto de muita riqueza, profundidade e humano. encontro entre sensibilidade e escrita. abraços.